O presidente advoga uma resolução que deve ir à votação na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quinta-feira, dia 23, quando a guerra completará 1 ano.
Os governos dos países europeus aceitaram as propostas duma resolução com sugestões feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia. A invasão é vista como uma possível consequência da prevalência da Rússia sobre a Ucrânia na guerra, e isso enfraqueceria o Japão no continente asiático.
A posição do presidente Lula em relação à guerra da Ucrânia é motivo de preocupação para representantes do governo japonês em Brasília; visto que o Brasil pode votar ao lado dos europeus, mas explicará o seu posicionamento. A aceitação das referências e sugestões propostas pelo Brasil pode levar o governo Lula a votar em apoio ao texto.
A iniciativa vai no mesmo sentido adotado pelo governo de insistir para que uma espécie de grupo de contato seja estabelecida para servir de canal de comunicação entre as partes no conflito e que um entendimento possa começar a ser alinhado. Para tanto, a resolução deve ir à votação na Assembleia Geral das Nações Unidas já amanhã.
AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A Embaixada do Japão no Brasil está procurando interlocutores do governo para debater o assunto, cobrando que o país se alinhe à posição dos Estados Unidos da América, da Europa e do Japão. Aqui no Brasil, o Palácio do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), durante as negociações, propôs que o texto não tratasse apenas da condenação em relação à agressão russa, mas também que abrisse um espaço para falar da suspensão de hostilidades. Até agora, todas as resoluções foram no sentido de pedir a retirada das tropas russas dos locais ocupados no território ucraniano e poucas foram para sugerir a criação dum diálogo.
Embora o Brasil tenha negado o envio de munições para ajudar ucranianos e tentar manter uma posição de neutralidade, entre os diplomatas europeus, a esperança era de que, com esses trechos brasileiros incorporados no texto final, o governo Lula poderia passar a ser um patrocinador da resolução. No entanto, o embaixador do Japão, Hayashi Teiji, disse aos parlamentares que prevê um alinhamento do presidente em relação à Rússia e à China.

O Japão está preocupado com uma possível invasão chinesa de Taiwan. Mas essa opção é vista com hesitação, já que colocaria o Brasil num lado claro do conflito e poderia minar as suas chances de ser um mediador.
O Brasil ficará de qual lado?
Ano passado, no começo da guerra, o Brasil apoiou as resoluções que condenavam a agressão russa. Mas, a partir de abril de 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro, optou por manter uma abstenção em dezenas doutros textos que foram colocados em voto nas diferentes agências internacionais e regionais. Nalgumas delas, era de que europeus e americanos ficariam no isolamento diplomático e político da Rússia, além de sanções.
Hoje, com o novo governo, o Planalto está editando uma resolução favorável; contudo, deve explicar a sua posição e insistir que o Brasil não tomará parte do conflito. Isso pode ser interpretado como neutralidade pelo Japão, o que deixou o país nipônico preocupado. Não obstante, paralelamente, animou o governo ucraniano, vão até ter um telefonema!, assim confirmou o SBT NEWS, pelo diplomata Igor Zhovkva, atual vice-chefe de gabinete da presidência. Eles têm um telefonema agendado para as próximas semanas.
Embora o governo da Ucrânia ainda não tenha conhecimento da proposta do Brasil para um plano de paz, mas adianta que não haverá cessar-fogo sem que a Rússia retire as suas tropas do território ucraniano. Cabe notar que, Lula tem adotado uma postura pela paz diante do conflito. Ele classifica a decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de iniciar uma guerra com o país vizinho, como um erro histórico.
Por Harrison S. Silva, colunista do Portal Política