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Câmara dos Deputados recebe, de forma inédita, exposição de cânhamo

Foto: Reprodução

Na semana em que se comemora o dia da Cannabis medicinal, dia 27 de novembro, no Brasil, a Câmara dos Deputados abre as portas para receber, pela primeira vez, uma exposição de cânhamo que faz parte da mobilização pela regulamentação e incentivo à produção nacional da planta. Intitulada Cânhamo: uma revolução agrícola não psicoativa, a mostra reúne informações e produtos desenvolvidos a partir de uma cepa da Cannabis que é mais fibrosa e rica em canabidiol (CBD), molécula medicinal sem propriedades entorpecentes. A exposição acontece entre os dias 27/11 e 1/12, no Espaço Mário Covas da Câmara dos Deputados.

A exposição | Foto: Reprodução
A exposição | Foto: Reprodução

A iniciativa é do Instituto InformaCann e conta com o apoio de parlamentares como Carol Dartora (PT-RS), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Túlio Gadelha (REDE-PE), Luciano Ducci (PSB-PR), Bacelar (PV-BA) e Talíria Petrone (PSOL-RJ). Uma das condições para a realização da mostra no espaço foi a de não expor produtos cuja regulação impede a comercialização no Brasil. O muro de cânhamo, com doze blocos de tijolos, produzidos a partir da fibra de cânhamo, que seria doado à exposição pela ABRACE Esperança, Associação de pacientes que tem autorização para cultivo na Paraíba, também não poderá ser exposto.

Roupas e sapatos são algumas das possiblidades do setor que poderão ser exibidos ao público. Na quinta-feira, dia 29, ainda como parte da Mobilização, acontece a Audiência Pública convocada pelo deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), junto a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), para debater o uso da Cannabis e pressionar para que seja finalmente formada a Frente Parlamentar em defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial.

Por que regulamentar?

A terceira maior nação agrícola do mundo não pode ficar sujeita à importação de um extrato vegetal, gerando riqueza e renda para outros países. Ao mesmo tempo em que a importação restringe e elitiza o acesso ao direito amplo e universal à saúde, o Brasil perde a oportunidade de gerar riqueza e renda assumindo o importante papel que tem como potência agrícola e trazendo para o debate uma reparação histórica que contemple séculos de atraso causados por uma lei racista”, diz Manuela Borges, diretora de Comunicação do Instituto.

De acordo com o anuário da Kaya Mind de 2023, o comércio de produtos à base de Cannabis movimentou mais de 739 milhões de reais nesse ano no Brasil, a maior parte desses recursos não ficou no país. Nos Estados Unidos, por exemplo, desde 2018 uma lei federal (Farm Bill) regula o cultivo do cânhamo no país com até 0,3% de THC por peso seco. Já no primeiro ano de regulação, mais de 36 mil hectares foram cultivados. Atualmente, o cânhamo é o 5º cultivo mais rentável do país.

Outras nações como o China, que possuem legislações proibicionistas contra a maconha, não criminalizam a planta capaz de produzir uma das fibras têxteis mais antigas e resistentes da humanidade, exatamente pela sua possiblidade econômica e sustentável. Registros históricos demonstram que os antepassados já utilizam o cânhamo há pelo menos 12 mil anos em cordas e tecelagem, como nas velas dos navios utilizados nas grandes navegações, para citar um exemplo mais recente.

A fibra da Cannabis, hoje, é utilizada em mais de 25 mil produtos industrializados, que vão desde a construção de casas, até a produção de bioplástico, papel, tecidos, painéis de carros e outros componentes da indústria automobilística. Para além da fibra, as sementes da planta – que não contém canabinoides (CBD e THC, por exemplo) – são ricas em ômega 3, 6, aminoácidos e proteínas.

Esse tipo de produto já é considerado um superalimento em diversos países e tem sido incorporado à alimentação humana em shakes, azeites, farinhas e bebidas, como o leite de cânhamo, para citar alguns exemplos. Estimativas sugerem que o cultivo do cânhamo no Brasil pode gerar R$ 5 bilhões em vendas de insumo, gerar mais de 300 mil empregos diretos e arrecadar cerca de R$ 330 milhões em impostos. Estudos internacionais demonstram que um hectare de cultivo da fibra da cannabis pode ser capaz de absorver de 10 a 20 toneladas de CO2 num período de ciclo de crescimento de 3 a 4 meses.

Ilação

O objetivo da mostra é sensibilizar os parlamentares e a sociedade sobre a importância de regulamentação do cultivo da Cannabis para fins medicinais e como uma alternativa biodegradável aos insumos poluentes como plástico, roupas sintéticas e concreto.

 

Agende-se

Exposição Cânhamo: uma revolução agrícola não psicoativa

Quando: 27/11 a 1/12

Onde: Espaço Mário Covas

Hora: aberta durante o horário de funcionamento da Câmara

Atendimento à Impressa: (61) 98301-5554

 

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