Até ali o país só conhecia os eventos do dia pelos olhos dos vândalos, que filmaram suas ações em tempo real. As imagens de Jefferson, as primeiras com um olhar independente, seriam distribuídas para veículos de todo o país e logo chegariam ao mundo inteiro.
A Secom teve uma tarefa crucial no dia 8 e nos dias que se seguiram. Os veículos institucionais — agência de notícias, rádio e TV — são os olhos da sociedade dentro do Senado. Com sua posição privilegiada, precisavam ser a referência para todas as informações precisas sobre a segurança da Casa naquele momento de incerteza.
Para os profissionais como Jefferson, esse papel já é uma segunda natureza. Ao saber dos acontecimentos ainda na tarde do domingo, ele quis entrar em ação.
— Minha veia de repórter bateu muito forte. Fiquei inquieto dentro de casa. A vontade era não deixar passar tudo isso em branco. Fui conversando com meu chefe [Leonardo Sá, coordenador de fotografia da Agência] e assim que ele conseguiu autorizar meu nome para a segurança, eu vim.
Muitos funcionários da Secom, inclusive de chefia, estavam de férias, aproveitando o mês de recesso parlamentar. O trabalho de reação da secretaria estava nas mãos de Luciana Rodrigues, coordenadora-geral, que substituía a diretora Érica Ceolin. Foi dela a responsabilidade de fazer o primeiro contato com a Secretaria de Polícia Legislativa (SPOL), logo que a invasão começou.
— Depois de algumas tentativas consegui falar com o Gilvan [Xavier, coordenador-geral da SPOL]. Pelo telefone, dava para ouvir o barulho do confronto da polícia com os invasores, os sons de tudo que estava acontecendo. Ele falou para não trazer ninguém e que a situação era grave, que não poderia falar mais. Era uma situação de muita tensão e medo.