O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado seus compromissos com militares, visando uma aproximação do governo com as Forças Armadas. Em março de 2023, o presidente teve uma série de encontros com representantes das Forças, incluindo uma visita ao complexo da Marinha em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Lula também terá agendas com representantes da Força Aérea e do Exército depois de uma viagem à China.
Lula quer transmitir a mensagem de que prestigia a caserna. Ao visitar Itaguaí, o presidente pretende reavivar no oficialato da Marinha a lembrança de que o submarino é um projeto de seu 1º governo.
Desentendimentos com as Forças Armadas
O auge do atrito entre Lula e as Forças foi depois das invasões do 8 de Janeiro. O petista afastou ao menos 63 militares do gabinete da Presidência, Vice-Presidência e do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) em 23 de janeiro, depois de declarações do presidente sobre desconfianças com militares. Lula afirmou em 12 de janeiro que “muita gente” das Forças Armadas foi “conivente” com a invasão aos Três Poderes.
Demissão do general Júlio César Arruda
Naquele mês, o presidente demitiu, em 21 de janeiro, o general Júlio César Arruda, 62 anos, do Comando do Exército. O general e comandante militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, 62 anos, foi escolhido para assumir o posto. A principal causa do desligamento de Arruda foi uma acusação de caixa 2 contra o tenente-coronel Mauro Cid durante o governo Bolsonaro. Segundo apurou o Poder360 à época, Arruda queria manter a nomeação de Cid para comandar o 1° BAC (Batalhão de Ações de Comandos) em Goiânia (GO), a partir de fevereiro de 2023. Lula, por outro lado, queria que a promoção do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fosse revogada por conta das acusações.
Nível de tensão entre as Forças Armadas e o governo
O nível da tensão entre as Forças e o governo atingiu patamar tão alto naquele mês, que em 20 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio, disse a jornalistas que era preciso ter uma conversa sobre qualquer outro assunto para que se pudesse virar a página. “Nós não tivemos um problema [sobre o 8 de Janeiro]? Precisávamos ter uma conversa que não tratasse disso, eu queria era virar a página”, declarou depois de uma reunião com empresários da indústria de armas no Palácio do Planalto.