Após reclamações quanto à articulação política do Planalto no Congresso, o ministro das Relações Institucionais disse que o presidente cobrou que o governo inicie as conversas com cada um dos líderes partidários.
Ontem, dia 8, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, esteve com Lula, com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Comunicação, Paulo Pimenta e com os líderes do governo no Congresso, na Câmara e no Senado. Padilha falou com a imprensa após uma reunião com Lula, na qual foi tratada a estratégia de diálogo com a Câmara e com o Senado.

Em meio a uma crise na articulação política do governo com a Câmara, o ministro das Relações Institucionais afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou uma rodada de conversas com partidos que comandam Ministérios. Um dos objetivos é cobrar votos.
“O presidente Lula pediu, delegou a responsabilidade. E a tarefa, como coordenador político do governo, nesta semana, é de fazer reuniões dos ministros que foram indicados pelos partidos junto com líderes da Câmara para discutirmos a ação na Câmara. A ação que está sendo feita e o cumprimento do calendário de votações até o final do primeiro semestre“, afirmou o ministro.
Após derrotas no Congresso, Padilha diz que Lula mandou cobrar votos de partidos que têm Ministério. ‘Não sou marinheiro de primeira viagem’, afirmou o ministro das Relações Institucionais sobre as críticas à sua atuação. Padilha também disse que o governo está pagando emendas parlamentares, reivindicação do Congresso.
O ministro das Relações Institucionais disse, ainda, que o presidente Lula reforçou o pedido de cobrança de votos de partidos com Ministérios na Esplanada. Refere-se mais especificamente ao PSB, PSD, União Brasil e MDB. Com o cargo que ocupa, Padilha é o principal responsável pelas articulações que rendem votos ao Planalto junto ao Congresso. Padilha afirmou que o governo já está liberando emendas parlamentares, reivindicação dos deputados.
“Ele [Lula] reforçou que essas reuniões têm que ser coordenadas e lideradas pela Secretaria de Relações Institucionais junto com a Casa Civil, junto com os ministros de cada área. Devemos fazer a primeira já com os ministros do PSB, PSD. Devemos marcar com ministros do MDB na volta do líder do MDB da Câmara, com os ministros do União Brasil. Fazer isso como uma rotina permanente“, completou.

Padilha também informou que o governo está liberando as emendas parlamentares de acordo com o calendário do orçamento da União. A demora na liberação de emendas é uma queixa dos congressistas com relação ao Palácio do Planalto. O governo vem de semanas de derrotas no Congresso Nacional. Foram criadas quatros comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Uma delas, a CPI dos Atos Golpistas, vai funcionar conjuntamente com a Câmara e com o Senado.
“Nós aceleramos o pagamento, desde março, dos restos a pagar. Nós pagamos já no mês de março um volume total de emendas que foram empenhadas no ano passado pelo governo Bolsonaro e que não foram pagas, chamadas emendas de transferência especial, mais de R$ 3 bilhões que não haviam sido pagos pelo governo Bolsonaro”, afirmou. “Estamos autorizando desde o mês de março, abril, na medida que os ministérios venham apontando que as emendas estão prontas para pagar, emendas do ano passado. Temos autorizado os ministérios a fazer o pagamento. Certamente, a própria engrenagem dos ministérios, nós queremos que se acelere cada mais o pagamento daquilo que é de restos a pagar”, completou Padilha.
Questionado se Lula vai participar das reuniões com os partidos, Padilha negou. Mas disse que o presidente está sempre envolvido com a articulação política. Segundo o chefe da articulação, o presidente não participará desses encontros com as legendas. Nos bastidores, é previsto que Lula intensifique o diálogo com a base nos próximos dias. “O que tem de melhor na articulação política no país é o presidente Lula. Vai entrar em campo quando precisar. É o Pelé da articulação política“, argumentou.
O ministro disse ainda que o governo está disposto a conversar com deputados de primeiro mandato, que ainda não dispõe do direito de indicar emendas individuais, para construir alianças em torno de outras emendas que possam ser direcionadas a projetos prioritários para o governo.
“The King” Lula, o tricampeão
A política no Brasil está longe de estar genuinamente focada na pólis. Estamos mais para uma partida de futebol, onde os políticos são os jogadores e os eleitores se tornam torcedores. Há muitas vitórias, embora haja derrotas. Mas vitórias e derrotas de quê? É raríssimo o time ser campeão invicto. Para ser campeão, não pode perder a final. A articulação chegou na política para ver quem mita, como a situação é a esquerda, quem lacra. E mesmo com uma derrota importante, como aconteceu, é apenas o começo do campeonato e que agora é possível conversar com os senadores para garantir esse instrumento importante. Dessarte, ter o maior número de vitórias nesses pequenos campeonatos vão gerando pontos para a classificação numa espécie de Copa do Mundo; ora, é a eleição, ou mesmo a reeleição.
Nobre leitor, o tricampeão do Mundial Pelé teve pequenas perdas nas peladas de futebol, e por que não o Lula, 3 vezes presidente da República, não poderia tê-las? Após ressaltar que todas as pautas prioritárias do governo foram aprovadas, Padilha admitiu a derrota e fez uma metáfora com futebol. Por isso Lula é o Pelé da política.
Harrison S. Silva, colunista Portal Política