Fontes em ambos os países concordam que a visita é uma das mais importantes já realizadas por um presidente brasileiro ao continente asiático.
A primeira agenda oficial a Pequim será no dia 28 de março, quando Lula encontrará o presidente chinês, Xi Jinping e no dia 30, o presidente terá compromissos em Xangai. A OPERAÇÃO SEDUÇÃO está impressionando até mesmo diplomatas experientes, e para alguns deles, será uma viagem repleta de imagens, simbolismo e cenários cinematográficos para os mais de 240 políticos, diplomatas e empresários brasileiros
QUAL A PROPOSTA DO BRASIL?
Os chineses sabem que Lula vai defender a multipolaridade e que a orientação do Itamaraty é de que não haverá aliança automática com ninguém. Pequim também sabe que uma das estratégias do governo Lula é a de fortalecer relações com Europa, América Latina, África e Oriente Médio, justamente para impedir que o mundo seja dividido entre duas áreas de influência hegemônicas: China e EUA.
Relação Brasil e China

Pequim estará disposta a avaliar essa mudança no perfil do comércio. Mas para que permita acelerar a ofensiva de Pequim para consolidar-se na América Latina, deslocar o poder dos EUA e redefinir o seu papel no mundo nas próximas décadas. Os chineses ainda querem convencer o Brasil a aceitar a ideia duma expansão dos Brics, um projeto que tem sido interpretado em meios diplomáticos como um esforço de Pequim para criar um bloco que atenda aos seus interesses e onde os seus aliados estejam presentes. Na avaliação de diplomatas envolvidos no esforço da ONU para impedir a continuação do conflito, a posição da China pode ser fundamental.
No mês passado, Pequim apresentou pela primeira vez o que acredita ser um rascunho de um eventual plano de paz, com doze princípios. A proposta foi vista com ampla resistência por parte de americanos e europeus. “Eu não vi nada no plano que indique que exista algo que seria benéfico para alguém mais do que a Rússia“, criticou Biden. Contudo, a ONU considerou que alguns dos seus elementos podem transformar-se em pontos de início duma conversa. Um deles é o compromisso de que armas nucleares não sejam usadas.
Aqui no Brasil, o presidente Lula convidou até parlamentares para viagem à China. Em lista que foi enviada ao Congresso Nacional, aparecem congressistas de partidos como PP, PSDB e Podemos. Veja a lista de parlamentares convidados:
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Senadores
Rodrigo Pacheco – PSD/MG – Presidente do Senado Federal
Renan Calheiros – MDB/AL – Presidente da Comissāo Relações Exteriores
Randolfe Rodrigues – Rede/AP – Líder do Governo no Congresso
Vanderlan Cardoso – PSD/GO – Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos
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Deputados
Arthur Lira – PP/AL – Presidente da Câmara dos Deputados
Fausto Pinato – PP/SP – Presidente da Frente Parlamentar Brasil/China
Carlos Zarattini – PT/SP – Vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil/China
Vander Loubet – PT/MS – Vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil/China
Luiz Fernando Faria – PSD/MG – Vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil/China
Gutemberg Reis – MDB/RJ – Vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil/China
Zeca Dirceu – PT/PR – Líder do PT na Câmara dos Deputados
Daniel Almeida – PCdoB/BA – Vice-Líder do Governo no Congresso Nacional
Paulo Alexandre Barbosa – PSDB/SP
Isnaldo Bulhões Jr. – MDB/AL – Líder do MDB
José Guimarães – Líder do Governo na Câmara
Alex Manente – Líder do Cidadania
André Figueiredo – Líder do PDT
Fábio Macedo – Líder do Podemos
Fred Costa – Líder do Patriota
Jandira Feghali – Líder do PCdoB
Luís Tibé – Líder do Avante
Túlio Gadêlha – Representante da Rede
Ainda no primeiro governo de Lula, o então chanceler Celso Amorim já sinalizava que queria uma relação mais equilibrada. Hoje, como assessor internacional do Palácio do Planalto, ele continua pressionando nesta direção.
VEJA A AGENDA DO PRESIDENTE LULA
O presidente Lula terá uma semana movimentada antes de viajar para a China na próxima sexta-feira, dia 24. Antes de embarcar a Pequim, o petista fará viagens a estados do Nordeste e ao Rio de Janeiro. Na quarta-feira, dia 22, por exemplo, Lula vai a Recife (PE) para o lançamento do Programa de Aquisição de Alimentos. No mesmo dia, o presidente irá à cidade de Santa Luzia (PB) para a inauguração dum parque eólico. No dia seguinte, dia 23, o petista vai a Itaguaí (RJ) para visitar obras do Programa de Submarinos (Prosub) da Marinha.
Lutando pelos Brics
Desde o início do seu governo, o presidente Lula vem defendendo a criação duma espécie de aliança de países que possam atuar como facilitadores na busca por uma solução diplomática e pacífica da Guerra Rússia X Ucrânia. Dessarte, o tema central desse desenho no cenário internacional será o posicionamento do Brasil e da China diante da guerra na Ucrânia. Espera-se um fortalecimento de apoio à Ucrânia, claro. Mas onde a Ucrânia entra nos Brics? Não entra. Os esforços dos chineses são de se posicionarem como um ator responsável da comunidade internacional, a meta é a de passarem a impressão de que Pequim quer assumir o papel de mediação.
Segundo diplomatas, o presidente Lula vai propor que o governo da China se envolva de uma forma mais contundente na busca por um caminho para a paz na guerra. Os chineses estão desde o mês passado nas principais capitais da Europa. Daí o Brasil pega uma carona, o Brics tem de sobreviver. Brics é um acrônimo para a cooperação econômica, política e militar entre os seus integrantes: BRASIL, RÚSSIA, Índia, CHINA, e África do Sul.
Por Harrison S. Silva, colunista do Portal Política