Presidente da CPMI do 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirma que o relatório que produziu no Congresso Nacional e as investigações da Polícia Federal se complementam na certeza de que Jair Bolsonaro é a figura central da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula e se perpetuar no Poder. Ela acha que o que já foi descoberto é suficiente para a prisão do ex-presidente, mas defende o aprofundamento das investigações.
“O 8 de janeiro foi o último suspiro inspirado na ideia bolsonarista. Não deu certo porque a população, mesmo os que votaram em Bolsonaro, não concordaram com o golpe”, diz a senadora.
Segundo a senadora, em vez de se demover, o ex-capitão incentivou e incendiou as massas da direita se utilizando de uma estratégia conhecida como apito de cachorro, ou seja, a pregação, sem qualquer prova, sobre fragilidade das urnas e fraudes eleitorais. A força das instituições, a falta de apoio popular, das Forças Armadas e dos Estados Unidos, diz a senadora, evitaram a ruptura democrática

Eliziane está buscando o apoio do partido para disputar a Presidência do Senado, embora reconheça que a maior estrela do PSD, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já tenha fechado acordo com Davi Alcolumbre (União-AP) para sucedê-lo.
O cerne
O ponto central é a seriedade do trabalho e o aprofundamento da investigação. Das 24 pessoas que aparecem agora na última ação da PF, 12 foram investigadas pela CPMI, com indiciamento ou pedido de aprofundamento das apurações, como é o caso do possível autor da minuta do golpe (Felipe Martins). No relatório foi compatibilizado e anexado na sua integralidade aos seis inquéritos iniciais do Supremo Tribunal Federal referentes aos atos golpistas. Investigações relacionadas à autoria intelectual, financiadores e executores, os agentes políticos foram compartilhados de forma imediata pelo ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro
Não há dúvida de que sem o Bolsonaro não haveria a tentativa de golpe. O 8 de janeiro de 2023 foi o desfecho duma ação orquestrada durante vários anos do seu governo em diferentes frentes. O ex-presidente era o maior formador de opinião do País. As informações que ele passava e as palavras que proferia, acabavam duma forma muito vital incendiando e incentivando as tentativas golpistas pelo Brasil afora.

Isso não se deu apenas depois do resultado da eleição, mas durante todo o mandato dele. Como houve uma tentativa dessa manifestação mais intensa no mês de dezembro até o dia 1º de janeiro de 2023, acho que elas foram frustradas porque houve um planejamento muito ostensivo da Polícia Federal e doutros órgãos de investigação. Então, as ações acabaram não ocorrendo de fato nesse dia e sim no 8 de janeiro.
A manifestação em frente aos quartéis não ocorreria sem a presença e a aquiescência de integrantes das Forças Armadas. Ora, se qualquer pessoa montasse uma barraquinha na frente do Exército, pode ter certeza que receberia uma ordem para desmontar. Lá, o acampamento ficou por mais de dois meses e foi financiado, ajustado, com vários tipos de crime ocorrendo, inclusive de violência contra a mulher, droga, armamento, tudo nas barbas das Forças Armadas.
Fonte: IstoÉ, com adaptações




