Hoje faz cinco anos da morte da Marielle Franco. Ainda não se sabe quem mandou matá-la que, à época, era vereadora.
Há exatamente 5 anos, um crime chocou o Brasil. O assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo Psol, foi um crime executado no dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central da cidade. Os criminosos estavam num carro que emparelhou com o da vereadora e efetuaram vários disparos, que também mataram o motorista.
Maria Cristina Fernandes, a jornalista, destaca dois obstáculos para duvidar da promessa de agilidade na investigação, especialmente pelas interferências na Polícia Federal e no Ministério Público do Rio. Porém, ainda há um otimismo com relação ao trabalho do comandante do Setor de Inteligência Policial da PF fluminense, que será responsável pela possível resposta.

Embora em fase inicial, a investigação conduzida pelas autoridades aponta para motivações políticas. Agora, em 2023, a chegada do novo governo, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abre uma nova janela de esperança para amigos e familiares, que desde a noite do crime convivem com a pergunta: “Quem mandou matar Marielle?”
Às investigações do assassinato já passaram cinco delegados e dez promotores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Mas a pergunta segue aberta. No horizonte, um inquérito que segue em segredo, sem que as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes, ou a jornalista Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado, tenham acesso às informações. Advogados dos familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes impetraram um mandado de segurança, no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando acesso ao inquérito.
“As autoridades têm a obrigação de solucionar esse crime. Minha mãe deve ser lembrada pela sua mobilização pela dignidade e contra as injustiças, não por um crime sem respostas”. O recado é de Luyara Santos, filha de Marielle Franco, que hoje tem 24 anos e é uma das fundadoras do Instituto Marielle Franco, criado em 2019. Entre familiares e especialistas, há consenso sobre a estagnação das investigações sobre o caso Marielle Franco. “Já passou meia década e seguimos com a ausência de resposta para a pergunta: ‘quem mandou matar Marielle?’. A investigação do crime contra Marielle e Anderson diz muito sobre como o Estado brasileiro lida com as graves violações de direitos humanos, sobretudo com as violações contra mulheres negras que participam da vida da política institucional”, lamenta a filha da vítima.
Para organizar as demandas jurídicas e políticas do processo de elucidação do atentado, foi criado, em 14 de julho de 2021, o Comitê Justiça por Marielle e Anderson, formado por familiares das duas vítimas, Anistia Internacional Brasil, Justiça Global, Coalizão Negra por Direitos e Terra de Direitos. Para a família, a ascensão de Lula ao poder abriu uma nova possibilidade de resolução para o crime.
Mulher, negra e política institucionalizada
Reconheçamos que houve uma significativa mudança na política pública de direitos humanos. Com 75 anos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem uma história de conquistas, mas também de violações. No Brasil, esse é um tema que constantemente é confundido com “defesa de bandidos”. Por que será? A Carta, nos seus 30 artigos, concentra-se nos princípios de proteção de qualquer pessoa. Contempla, ademais, diferentes questões e complexidades humanas; por isso ainda há muito o que se falar sobre os Direitos Humanos.
Ora, a vereadora carioca foi atingida por quatro projéteis na cabeça dentro do carro. Cadê os Direitos Humanos aí? Com a chegada do novo governo, podemos até ter mais esperança de que o caso seja resolvido. Bom, uma das pautas do governo da situação é a política voltada às minorias; mulheres negras principalmente e, para tanto, dois ministros já até se manifestaram sobre a sua solução. Contudo, ainda a nossa Nação precisa aprofundar-se mais nessas questões de injustiças para que possamos tirar essa marca eivada de vício da nossa cultura.
Harrison S. Silva, colunista do Portal Política