A recente crise energética que deixou milhões de paulistanos sem luz não apenas evidenciou problemas na infraestrutura urbana, mas também forneceu munição para uma batalha política em São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes enfrentou críticas transversais, vindo tanto de opositores de esquerda quanto de aliados do bolsonarismo, unindo extremos ideológicos em um raro consenso de insatisfação.
Críticas e posturas políticas
Guilherme Boulos e Ricardo Salles, figuras conhecidas de lados opostos do espectro político e ambos com olhos na prefeitura, não pouparam ataques. Boulos criticou não só a sugestão de Nunes de uma “taxa de contribuição” para enterrar os fios elétricos, mas também a presença do prefeito em eventos de grande porte enquanto a cidade enfrentava o apagão. A crítica se estendeu até o bolsonarista Lucas Bove, que usou humor gráfico para expressar seu descontentamento, ganhando eco em Salles.
Privatização da Sabesp no olho do furacão
O apagão também reacendeu as chamas do debate sobre a privatização da Sabesp, com a crise da Enel servindo de exemplo para os riscos de privatizar serviços essenciais. Petistas, psolistas e bolsonaristas encontraram uma causa comum na oposição ao plano do governador Tarcísio de Freitas, temendo que a privatização pudesse levar a mais problemas como o recente apagão.
O dilema do governador Tarcísio
O governador, por sua vez, parece estar em uma encruzilhada. Com pressões vindas de todos os lados, incluindo as de seus próprios aliados bolsonaristas, Tarcísio enfrenta resistência interna e externa. A preocupação de que a privatização possa ter efeitos políticos adversos é palpável, e as tentativas de acelerar o processo na Assembleia Legislativa encontraram obstáculos significativos.
A CPI e a espera por respostas
A situação complicou-se com a convocação de diretores da Enel para depor em uma CPI. A oposição viu nisso uma oportunidade de retardar a discussão sobre a privatização da Sabesp e, ao mesmo tempo, lançar luz sobre as causas e consequências do apagão. Com isso, a política energética e as decisões administrativas tornaram-se o foco de debates acalorados.
Política e energia em conflito
Este episódio em São Paulo é um lembrete de como as crises de infraestrutura podem rapidamente se transformar em crises políticas. Ela mostra que, além das consequências imediatas para os cidadãos afetados, há repercussões de longo alcance que influenciam as políticas públicas e as carreiras políticas. A crise energética de São Paulo se tornou um símbolo das tensões entre governança, privatização e responsabilidade política.




