A inflação fechada do mês de maio surpreendeu e ficou abaixo das projeções do mercado. O IPCA subiu 0,23%, contra a expectativa de 0,33%.
Este feriado de Corpus Christi trouxe um respiro para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a notícia de que a inflação, medida pelo IPCA, superou as expectativas do mercado. E a novidade soa como música aos ouvidos do presidente e também aos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ora, uma inflação sob controle é considerada uma grande carta na manga para reduções nas taxas de juros.
O destaque de maio foi para o setor de alimentação, que viu a sua alta desacelerar de 0,73% para 0,16% em um mês. O futuro do Ibovespa abre o dia em alta de 0,6%, enquanto o dólar cai 0,2%, cotado a 4,907 reais. A Bolsa brasileira bateu a sua máxima do ano na véspera.
Mês após mês se comprova a tendência de queda acentuada da inflação no país. Nos últimos 12 meses, o IPCA é de 3,94%, dentro da meta do Banco Central. Dessarte, tal respiro na economia dá uma segunda chance ao primeiro ano de Lula, aliviando os preços e outros fatores que ofereçam oportunidade de política econômica ao presidente.

Em doze meses, o indicador ficou em 3,94%, abaixo dos 4,04% que estavam sendo projetados. A desaceleração da inflação vem no embalo da alta de 1,9% no PIB anunciada no início do mês, contribuindo para aumentar as pressões lançadas pelo governo contra o Bacen, pela redução dos juros.
OPINIÃO
Por agentes econômicos, entende-se por aqueles que ofertam e aos que demandam produtos (bens e serviços). Quando há um equilíbrio entre eles, ou seja, quantidade ofertada é a mesma que a demandada, dizemos que o mercado é perfeito, ideal; o que obviamente não ocorre no mundo real. Entretanto, o que acontece é o desequilíbrio, uma elasticidade, ou seja, a alteração do percentual duma variável, dada a alteração percentual noutras, ceteris paribus (essa expressão é muito usada em Economia e significa “tudo mantido o mais constante”). Dessarte, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, é a reação duma variável, em face de mudanças noutras variáveis e, por consequência disso, há as inflações e também as deflações (flutuações de preços). Ademais, essa Economia ortodoxa, do economista e filósofo inglês Adam Smith (1723-1790), é saudável para o mercado, pois mesmo com esse desequilíbrio, tais agentes podem chegar num acordo de precificação dos produtos, é a tal mão invisível.
Em economia dizemos que os recursos são finitos. Tais recursos podem ser dinheiro, bens de troca, lastros, investimentos ou até mesmo o cartão de crédito, que também tem um limite, óbvio. Porém, os nossos desejos são ilimitados, pois além das nossas necessidades fisiológicas e básicas (comer, beber, etc), às quais demandam dinheiro para tais, pois como já disse o economista estadunidense Milton Friedman (1912 – 2006): “não existe almoço grátis”; também queremos lazer, poupar, investir, etc. Dessarte, ao fazer escolhas, podemos abrir mão duma em detrimento doutra, até mesmo na mesma categoria. Comer carne ou ovo? Refrigerante ou água? Tesouro selic ou poupança? Cinema ou teatro? Perceba que, ao tentar fazer tais escolhas, com os recursos finitos que possuímos, enfrentamos o trade-off, ou seja, muitas vezes para concluirmos um, precisamos abrir mão doutro. É o custo de oportunidade, e isso é objeto de estudo da Economia; por isso que Economia é a ciência da escassez.
Ora, para tentar controlar a economia, o Banco Central de cada Estado possui, à sua disposição, alguns instrumentos para a realização da política monetária. O Bacen, no caso do Brasil, é a principal manifestação de tal política-econômica-monetária; são três instrumentos: as operações no mercado aberto, operações de redesconto e os depósitos compulsórios. Em resumo, seria transformar toda riqueza, ou seja, o PIB, em moeda (dinheiro), que pode ser definida como um ativo financeiro de aceitação em comum acordo utilizado para intermediar as transações econômicas e pagamentos de bens e serviços do dia a dia dos agentes econômicos. Contudo, portanto, o dinheiro não é lastro dos produtos, mas sim o contrário; por exemplo: um produto “x” é que valoriza o papel-moeda de R$ 1,00. Sem o produto como lastro, o papel-moeda não tem valor algum, isso explica do porquê mesmo o governo intervindo na economia, não pode imprimir papel-moeda de qualquer forma, pois, assim, haja taxa Selic para conter a inflação. Deixemos, então, que o mercado defina o mercado e a prova disso, foi a surpresinha que o governo teve. Doravante, é só dançar conforme a música soa.
Por Harrison S. Silva, colunista do Portal Política